terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Interdisciplinaridade – contexto histórico-social e reflexão

Segundo Ivani Fazenda a interdisciplinaridade surge na França e na Itália em meados da década de 60, num período marcado pelos movimentos estudantis que, dentre outras coisas, reivindicavam um ensino mais sintonizado com as grandes questões de ordem social, econômica e política da época. A interdisciplinaridade teria sido uma resposta para tal reivindicação, na medida em que os grandes problemas da época não podiam ser pensados por uma única disciplina ou área do saber. Com a sua aplicação na ciência, a interdisciplinaridade passa a estar presente na educação. Sua função será a de superar a fragmentação do conhecimento, a falta de relação deste com a realidade do aluno.

Na interdisciplinaridade está implícita uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da unidade do pensamento. Não está se referindo aqui, a interdisciplinaridade como uma teoria geral e absoluta do conhecimento, antes como o estudo do desenvolvimento de um processo dinâmico, integrador; integração das disciplinas com o objetivo de construção do conhecimento. O que difere implicitamente da concepção de pluridisciplinaridade e mutidisciplinaridade, as quais apenas justapõem o conteúdo.

O ponto de partida e de chegada de uma prática interdisciplinar está na ação. Através do dialogo que se estabelece entre as disciplinas e entre os sujeitos das ações. Não se trata de propor a eliminação de disciplinas, mas sim da criação de movimentos que propiciem o estabelecimento de relações entre as mesmas, tendo como ponto de convergência a ação que se desenvolve num trabalho cooperativo e reflexivo. Assim, alunos e professores – sujeitos de sua própria ação – se engajam num processo de investigação, re-descoberta de construção coletiva do conhecimento, onde cada participante é ao mesmo tempo “ator” e “autor” do processo. Tem-se então o desafio de assegurar a abordagem global da realidade através de uma perspectiva holística, transdisciplinar. Onde a valorização é centrada não no que é transmitido e sim no que é construído.

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