Em seu texto "Didática: uma retrospectiva histórica", a autora Ilma Passos procura traçar a trajetória histórica da didática no Brasil. Indo do período que abrange desde a colonização em 1549, com a chegada dos jesuítas como primeiros educadores; depois acentuando as transformações durante a década de 30, onde finalmente a didática é incorporada como disciplina nos cursos para a formação dos professores; chegando por fim aos dias atuais. A autora destaca ainda a influência e determinação dos contextos sócio-econômicos e políticos, que servem para identificar as propostas pedagógicas presentes na educação.
Como colônia de exploração a sociedade brasileira não via na educação o valor social importante para formação da sua "gente". A tarefa educativa era voltada basicamente para a catequese dos indígenas, enquanto à elite colonial era oferecido outro nível de educação.
Alheia à realidade da colônia, o ensino direcionado para elite tinha como essência fudamentadora a idéia Ratio Siudiorum, cujo objetivo se voltava para formação do homem universal, humanista. A educação se apegava ao ensino enciclopédico, humanista de cultura geral alienado da realidade do contexto social vigente.
Os jesuítas em sua atividade pedagógica privilegiavam o exercício da memória e desenvolvimento do raciocínio, promovendo a formação dogmática do pensamento; dedicavam a atenção ao preparo dos padres-mestres dando ênfase a formação do caráter e sua formação psicológica para conhecimento de se mesmo e do aluno.
A metodologia de ensino estava centrada no caráter meramente formal, tendo por base o intelecto, o conhecimento, marcado pela visão essencialista do homem. Assim não se poderia pensar em uma prática pedagógica e muito menos em uma didática que buscasse uma perspectiva transformadora na educação.
Segundo Ivani esses foram os alicerces da pedagogia tradicional na vertente religiosa, que como observado por Saviani "é marcada por visão essencialista do homem considerada universal e imutável".
Na transição do modelo agrário-exportador para um urbano-comercial-exportador, em meados de 1870, o Brasil vive o seu período de "iluminismo" ficando cada vez mais independente da influência religiosa. O estado passa a adotar uma postura laica no campo da educação. Em 1890, com a influência de uma visão cada vez mais positivista é aprovada a reforma de Benjamim Constant.
A Pedagogia Tradicional em sua vertente leiga mantém a visão essencialista do homem, não mais ligada à criação divina e sim aliada à noção de natureza humana essencialmente racional, inspirando a criação da escola pública, laica, universal e gratuita.
A Pedagogia Tradicional caracterizava-se por dar ênfase ao ensino humanístico de cultura geral, enciclopédico, não levando em consideração o contexto, a realidade em que o aluno está inserido; o professor se torna o centro do processo de aprendizagem, a relação pedagógica se dá de maneira hierarquizada e verticalizada; o aluno é educado para seguir atentamente a exposição do professor, sendo concebido este como um receptor passivo. Na Pedagogia Tradicional a didática é compreendida como um conjunto de regras que assegura aos professores as orientações necessárias para o desenvolvimento do seu trabalho. A atividade docente é entendida como inteiramente autônoma face à política dissociada da relação escola/sociedade. Uma didática que separa teoria e prática.
Só quase um século depois, desde o inicio da criação em 1835, da Pedagogia Tradicionalista leiga, se dá em
Durante a década de trinta com a crise mundial da economia capitalista e por conseqüência crise cafeeira no Brasil a sociedade brasileira sofre profundas transformações no seu contexto sócio-econômico e político. O desencadeamento do movimento de reorganização das forças econômicas resulta na chamada “Revolução” de 30, que é comumente tomada como o inicio de uma nova fase da República do Brasil.
No que se refere à educação, em seu governo, Vargas constitui o Ministério de Educação e Saúde Pública. Em 1932, já preparando o caminho para o que seria concebido como a reconstrução social da escola na sociedade urbana e industrial, é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. Efetiva-se também em
O período que vai de
A proposta escolanovista é a de “um novo tipo homem”, defende os princípios democráticos, onde todos têm o direito a se desenvolverem. No entanto como observa a autora, isto se dá em uma sociedade dividida em classes, sendo evidente às diferenças entre o dominador e as classes dominadas.
O escolanovismo vê a criança como um ser dotado de poderes individuais, que deve ser respeitado na sua autonomia, liberdade, iniciativa e interesses. O problema da visão escolanovista em relação as suas proposta de solução educacional, está na consideração somente dos aspectos internos da escola, não levando em conta a abrangência do contexto em que esta se insere. Não há reflexão da realidade brasileira em seu cunho político-social, o problema educacional passa a ser uma questão escolar técnica. A ênfase é dada no “ensinar bem”, mesmo que seja para poucos. Assim o professor absorve o ideário do escolanovismo e a didática passa a acentuar o caráter político técnico do processo ensino-aprendizagem onde teoria e prática são justapostas. A didática é entendida como um conjunto de idéias e métodos, privilegiando a dimensão técnica do processo de ensino.
O período de
E ste período é marcado também pelo desenvolvimento de lutas ideológicas entorno da oposição entre, os defensores da escola pública e os defensores da escola particular. A escola católica se insere no movimento renovador, difundindo o método Montessori e Lubienska.
Neste momento o ensino de didática, inspirada no liberalismo e no pragmatismo, acentua a predominância dos processos metodológicos em detrimento da própria aquisição do conhecimento. Acentuava-se o enfoque renovador-tecnicista da didática na esteira do movimento escolanovista.
Os anos que correram de
Em 1974 coma a abertura gradual do regime político autoritário, começa a se desenvolver estudos como a postura mais crítica em relação à educação dominante, evidenciando as funções reais da política educacional vigente. Tais estudos que, mais tarde foram denominados de “teorias crítico-reprodutivas”, concluíram que até então, a educação tinha como função primordial a reprodução das condições sociais vigentes. Havia uma predominância dos aspectos políticos, enquanto as questões didático-pedagógicas foram minimizadas.
Com os estudos da teoria crítico-reprodutiva os alunos passam a exigir uma atitude mais crítica e os professores procuram rever sua própria prática pedagógica a fim de torná-la mais coerente com a realidade sócio-cultural. A didática é questionada e os movimentos em torno de sua revisão apontam para busca de novos rumos.
Na década de
A partir da instalação da República Nova, na primeira metade na década de
Na pedagogia crítica a educação não está centrada no professor ou no aluno, mas na questão central da formação do homem. A educação está voltada para o ser humano e sua realização
Nesse sentido, agir no interior da escola é contribuir para transformar a própria sociedade. A Didática crítica busca superar o intelectualismo formal do enfoque tradicional, evitar os efeitos do expontaneísmo escolanovista, combater a orientação desmobilizadora do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente pedagógicas desprestigiadas a partir do discurso reprodutivista. Procura ainda compreender e analisar a realidade social onde está inserida a escola.
Um ótimo resumo.
ResponderExcluirfaltou o restante " dos anos 90 ate os dias atuais, mas e um otimo resumo
ResponderExcluirMuitos bommm,ADOREIIIIII
ResponderExcluirLegal
ResponderExcluirUm ótimo resumo e nos aguça a vontade de ler mais sobre o histórico da educação e da didática e como foram transformados esses momentos em nosso país.
ResponderExcluirMuito bom! Gostei muito! Parabéns👏
ResponderExcluirParabéns
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