quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Visita à Escola Cidade de Curitiba
















Breve Histórico

A Escola Cidade de Curitiba foi fundada em dezembro de 1977. A origem do seu nome foi em homenagem ao Ministro Ney Braga, por ordem desconhecida não foi possível colocar o seu nome, ficando então o nome da sua cidade natal. Esta unidade escolar surgiu para atender à comunidade do bairro do Engenho velho de Brotas, sendo ministradas aulas para alunos de primeira a quarta série. Atualmente a unidade escolar deixou de oferecer o nível básico e passou a atender alunos do nível fundamental e médio.

A escola já possuiu consultório odontológico, uma bibliotecária, uma relação de proximidade com a comunidade, através de oficinas de artesanato, cursos do SENAC, manicuri e cabeleireiro para alunos e pais. A escola era aberta aos sábados, além desse projeto havia a realização de eventos culturais marcantes como as festas juninas e gincanas. Um dos principais motivos na interrupção desses projetos foi a falta de recurso humano disponível à realização das atividades. Mesmo porque as oficinas excediam a carga horária dos professores.











Descrição física e caracterização da instituição

O Colégio Cidade de Curitiba está situado dentro de um condomínio. Ao final da extensão dos prédios residenciais encontra-se o prédio escolar com dois andares e um subsolo tendo uma estrutura regular e uma iluminação solar mediana. O prédio é todo gradeado, inclusive grades em cada uma das portas das suas18 salas, o que denota a necessidade do reforço na segurança. A escola possui uma estrutura física bem equipada e se encontra em bom estado, com exceção de algumas paredes riscadas, algumas portas e cadeiras danificadas. Foi possível constatar uma grande preocupação com a estrutura física por parte da direção da escola, a ponto até mesmo de não se utilizar alguns equipamentos para não danificar, ou para não correr risco de furto.

O primeiro contato foi estabelecido com Ana Tereza, vice-diretora do turno vespertino, esta após aceitar o pedido de visita para elaboração do trabalho, foi bastante solícita, fornecendo informações e respondendo os questionamentos sobre a instituição. A princípio falou sobre uma questão bastante curiosa, o fato de a escola estar inserida dentro do condomínio, mas ela não soube esclarecer quem foi construído primeiro. A escola oferece aulas para o Ensino Fundamental no turno da tarde e mais uma turma de 1º ano, no turno matutino e noturno todas as turmas de Ensino Médio.

Ela explica que os problemas relacionados ao material de apoio pedagógico se apresentam não por que a escola não possua esses recursos, ao contrário é bem equipada,porém muitos dos equipamentos não estão em funcionamento por terem apresentado falhas. E o fato da escola não receber verba do governo para manutenção, existem casos que um concerto ou outro de equipamentos indispensáveis à prática Pedagógica é pago pela direção ou pela coordenação.

Conclusão: onde está instalada a precarização?

Pelo que foi possível observar, uma das grandes dificuldades que a escola enfrenta em relação à estrutura física é a falta de manutenção e o reduzido quadro de funcionários. No entanto, a precarização se encontra mais acentuada na estrutura pedagógica, e evidentemente isso não é uma questão exclusiva dessa unidade de ensino. E sim um “ranço” que nos acompanha desde o início da colonização, onde a educação ocorre de forma completamente dissociada da realidade social dos alunos, não há a relação necessária entre a teoria e a prática.

Nesta escola percebe-se que a sua prática pedagógica está paltada com o conceito de educação de Emile Dukheim e Talcott Parsons. Onde, para Dukheim a educação é um fator social, portanto impõem-se coercitivamente ao indivíduo que, para o seu próprio bem sofrerá a ação educativa, integrando-se e solidarizando-se com a sociedade a qual está inserido. Os conteúdos são independentes das vontades individuais, são as normas e valores desenvolvidos pela sociedade E essas normas são impostas de fora e internalizadas, reproduzidas e perpetuadas na sociedade.

Para Parsons a educação é socialização, e para que o sistema sobreviva às pessoas precisam assimilar e internalizar os valores e as normas. Ele não destaca o aspecto coercitivo do sistema, ressaltando o poder do sistema em satisfazer as necessidades do indivíduo. Para esse autor o processo educativo é uma troca que ambos se beneficiam, tanto o indivíduo quanto a sociedade. Para eles a educação não é um fator de desenvolvimento e de superação das estruturas arcaicas, mas algo necessário na manutenção das estruturas e do funcionamento de uma sociedade, por isso precisa ser transferido de geração em geração.

Essa concepção foi explicitada através de diálogos com os professores à medida que atribuem a desvalorização do ensino por parte dos estudantes a falta de autonomia no tratamento com os alunos, liberdade para educá-los, expulsar se preciso for, enfim moldá-los para que se enquadrem num sistema de disciplina, onde os professores consigam ter controle na sala de aula e conseqüentemente consigam ministrar suas aulas tranqüilamente.Segundo eles essa atitude iria possibilitar que os alunos mais “problemáticos” permitissem os que têm vontade de aprender à no mínimo poder assistir as aulas.

Acreditam que existe muita repressão ao ensino tradicional, e que por isso, na tentativa de ampliar a liberdade dos alunos, adotando os novos métodos, o ensino acaba perdendo a qualidade e o controle dos alunos. Esse desejo dos educadores expressa claramente a educação verticalizada, onde o professor é detentor do saber e o aluno receptor, o saber é transmitido não construído conjuntamente. Por isso é preciso refletir sobre o conceito de liberdade. A liberdade referida acima é um meio de coerção, um instrumento de uso exclusivo do professor para “enquadrar” o aluno de acordo com a visão colonialista de educação.

Para Paulo Freire: “A liberdade sem limites é tão negada quanto à liberdade asfixiada ou castrada. E muitas vezes na tentativa de superar a tradição autoritária, o professor resvala para formas licenciosas de comportamento”...

A liberdade se faz necessária tanto para os educadores quanto para os educados, mas para que isso se concretize o indivíduo precisa se conscientizar de que a liberdade e autoridade coexistem ambas são necessárias no processo educacional. E o professor precisa se conscientizar disso e se adequar às mudanças no ensino, exercendo seu papel de orientador, estimulando o aluno a construir o conhecimento, valorizando sua identidade, sempre aliando a teoria com a prática voltada para a realidade social do aluno na busca do desenvolvimento de um senso crítico.

O ensino precisa de uma mudança paradigmática, e para isso os membros que compõem a escola precisam atuar como agentes de reflexão: Qual o meu papel na escola? Será que estou no caminho certo? Se não estou como mudar? E procurar através de questionamentos buscar o caminho certo para sua prática pedagógica. Como comenta Isabel Alarcão em seu texto “A Escola Reflexiva” “... No entanto se a escola é um edifício, ela não é só um edifício. É também um contexto e deve ser, primeiro que tudo, um contexto de trabalho. Trabalho para o aluno, trabalho para o professor. Para o aluno, o trabalho é a aprendizagem em suas várias dimensões. Para o educador, é a educação na multiplicidade de suas funções”.


Fotos do laboratório de ciências







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